domingo, 13 de maio de 2012

Todas as mães de todos os dias


O post de hoje é dedicado a todas as mães de todo o mundo, mesmo as que não tenham filhos em suas certidões, mas muitos filhos de consideração nos enormes corações.
Mas passemos então a palavra para a protagonista desse blog.

Mãe-bahia

"Pra falar a verdade, o segundo domingo do mês de maio, que a indústria e o capitalismo nomeou de Dia das Mães, nunca foi muito comemorado na minha família, bem como as demais datas comemorativas comerciais estabelecidas, como Natal, Dia dos Pais e por aí vai.  Eu acho que essa indiferença veio do meu pai, que sempre trabalhou no comércio e no que dependesse dele, abriria sua loja até aos domingos, feriados e durante a madrugada. Minha mãe e nós nos acostumamos tanto com isso que na escola e perante os demais familiares soava um tanto estranho, grosseiro, para alguns até de mal gosto, mas conforme eu e meu irmão fomos crescendo e amadurecendo, conseguimos entender a dimensão e a intenção de tudo isso, sem precisarmos justificar aos outros ou a nós mesmos.
Pois bem, o Dia das Mães lá não poderia ser diferente: minha mãe fazia algum rango diferente, a gente ía até a padaria comprávamos algo bem doce e gostoso, como um bolo de chocolate para tomarmos na hora do café, todo mundo senta à mesa e depois ligamos a tv, cada um vai para seu quarto, beijos e abraços na mamãe, presentes pra ela e ok.
Mas esse ano foi diferente. Minha mãe está há alguns muitos quilômetros daqui, sei que por mais que nunca liguemos para a data em si, sei que ela lá e eu aqui sentimos um apertozinho no coração, um vazio, mas ao mesmo tempo, que essa data nos serviu só para reforçar o quanto nos amamos, o quanto somos gratas pela existência física, mental e emocional que cada uma representa, o quanto nos respeitamos principalmente por nossas incontáveis diferenças, pela mulher única que cada uma é, o quanto somos semelhantes em nossos valores, pela nossa discrição e em como somos sagazes na execução de tarefas, o quanto sentimos a falta, mesmo que em momentos não tenhamos saco para ouvir uma a outra, o quanto somos felizes por sabermos que você tem a mim e eu a você, o quanto você é a mulher mais linda que eu conheci, desde quando nasci, o quanto você reforça que sou sua filha linda, o quanto se orgulha de mim e o quanto sempre me apoiou em tudo o que fiz e o que quero fazer, o quanto rezamos juntas, uma lá, outra cá, o quanto sonhamos, pensamos, vivemos, amamos.
Ufa, me emocionei! Bom, liguei pra ela lá na Bahia, e ela me atende dizendo que está na casa da vó, assando um frango com algumas primas e os sobrinhos. Desejo a ela um feliz dia das mães, que a amo muito e queria que ela estivesse aqui. Ela brinca, avisando para que fizesse o almoço e que chegaria bem na hora. Acabei rindo um pouco sem jeito, imendando a conversa perguntando sobre minha avó, as crianças, se estavam todos bem, quando ela passa o telefone à minha avó, que por conta da sua idade avançada, está com sua audição um tanto comprometida, à ponto de eu ter de falar tão alto, que os vizinhos ouvem o que digo, mas minha avó não. Ela pergunta se sou eu, e eu digo que SIM, SOU EU, VÓ, BÊNÇÃO, e ela me dá a benção, logo depois pergunta se está tudo bem, eu digo que sim, desejo um feliz dia das mães pra ela, que agradece e diz que não está me ouvindo direito, passando o telefone pra minha mãe. Nos despedimos com beijos, EU TE AMO, e digo que estamos esperando a visita dela em breve. Depois de desligarmos, fica um vazio, suspiro e logo sigo até a cozinha, começar a preparar o almoço.



Mãe-sereia

Essa mãe eu conheci na quarta ou quinta vez que saí com meu marido, que na época ainda estávamos nos conhecendo. Eu nunca me esqueço desse dia, pois além do meu constrangimento em estar na casa dela às 11 horas da manhã, seus lindos e enormes olhos verdes fitaram os meus de uma maneira tão infantil que logo os meus entraram num estado de relaxamento, se entregando à confiança do momento, como que quisessem dizer MUITO PRAZER.
Dali em diante, firmamos o nosso relacionamento muito além de nora e sogra, ou a namorada do filho dela, ou a mãe do meu namorado. Desde os primeiros encontros e conversas, sempre houve cumplicidade de ambas e uma identificação espiritual e feminina muito semelhantes, rendendo ótimas histórias, lembranças, porres, viagens, risadas, lágrimas, ombros, abraços, afagos e claro, olhares.
Eu digo que ela é minha Mãe-sereia, por que o nome dela é de sereia, o olhar dela é de sereia e ela, assim como eu, amamos a praia, amamos o mar, amamos as águas, somos morenas, cabelos escuros, filhas da grande mãe Iemanjá.
Mas ela é minha mãe, acima de tudo, por ter me acolhido sempre no seu coração e na sua vida com a maior simplicidade do mundo, por sempre me respeitar, me aconselhar de forma sensata, direta, objetiva, carinhosa e amorosa, por ser a mulher mais linda que conheci, depois da minha Mãe-bahia, por ter essa essência de menina e mulher que me identifico e me identifiquei, me admiração que eu tenho por você, essa mulher guerreira, infinita, única, grande e tão pequena ao mesmo tempo, que faz de você esse ser maravilhoso, que eu cultivo no meu coração, dormir e acordar pensando, nas minhas preces, nos meus sonhos, nos meus planos, na minha vida inteira, pela enorme compreensão da nossa juventude que às vezes desmedida, mas que hoje só reforçou nossa eterna amizade, amor e incondicional respeito. Essa é a mulher que hoje em dia são raras, que possui uma mente inteligentíssima sobre as artes, história, sobre a vida, sobre as vidas, sobre cozinha, sobre artesanato, sobre aprender, sobre sobreviver, sobre morrer e nascer denovo.

O meu coração pra essas duas mulheres que hoje, só sou a mulher de hoje, graças a essas duas almas, todas, filhas de Iemanjá. Axé, minha mãe!"