sexta-feira, 11 de março de 2011

Ô dó!

Todos os dias, Jurema faz seu horário de almoço sempre pontualmente às 12h. Tem dias que ela traz marmita, noutros ela come fora. De sexta-feira por exemplo.
Hoje é sexta-feira.
Jurema foi comer em um restaurante bem gostosinho, com comida caseira, bem feita, quentinha e com muitas opções de saladas e pratos quentes. Inclusive sempre tem algum prato com batata, que ela ama!

Normalmente, esse restaurante não costuma lotar de sexta-feira, mas hoje foi uma exceção, pois estava bem cheio.
Jurema fez seu prato: salada de alface, rúcula, ovo de codorna, tomate, couve-flor, arroz integral, rondele de brócolis com molho branco, peixe ao molho, etc.
Acabou tendo de dividir uma mesa com uma moça que estava sozinha, enquanto as demais mesas estavam lotadas.
Jurema gosta de curtir seu horário de almoço e sua refeição tranquilamente, não gosta de conversar, se concentra no que está comendo.
Às vezes ensaia uma olhadela para a televisão, mais por hábito do que para assistir algo mesmo.
Neste instante, a moça, sentada na sua diagonal lhe questiona:
- Não consigo beber enquanto como, parece que tira o apetite né?
Jurema piscou duas vezes para saber se realmente estava ouvindo aquela esplanação. Respirou fundo, engoliu a comida e respondeu gentilmente:
- Pois é, parece que estufa o estomago. Também não gosto.
E continuou a apreciar sua refeição.
Não contente com a atenção dedicada, a carente moça "pensa alto":
- Nem to conseguindo comer direito. To com insolação na boca e dói um pouco.
Não. Jurema não está acreditando que esse comentário foi feito em voz alta e na hora da comida! Jurema fingiu que não ouviu.
- Tenho uma filha pequena né, daí não dormi essa noite. Tá nascendo os "dentinho" dela e faz ela chorar muito.
Jurema tenta, tenta ignorar os pensamentos e comentários da moça, mas não consegue ser indelicada:
- É mesmo? Tadinha...deve ser difícil mesmo.
Mas não prolonga o assunto.
Ao se retirar da mesa, a moça tenta uma atitude educada, depois de fazer do ouvido de Jurema, pinico:
- Quer uma sobremesinha?
Jurema, ainda de boca cheia e com seu prato cheio responde:
- Não, obrigada.

Logo após a moça carente se afastar da mesa, Jurema olha para seu prato, quase que inteiro, e não sente mais apetite. Olha para o peixe com aquela sensação de estar cru, a comida já está fria e ela já está cheia.

De mau-humor, Jurema sai da mesa, paga o almoço e conclui:
" Ok, de vez em quando nos sentimos meio carentes, faz parte. Mas aturar um desconhecido carente quando você não está afim é um saco!"

2 comentários:

  1. Mega saco, Jurema! Ngm merece!
    Mas sabe, isso já aconteceu muitas vezes comigo. Acho que temos uma expressão receptiva, uma simpatia no ar, um ziriguidum que faz as pessoas se sentirem à vontade para fazer contato. Parece fofo, mas às vezes é uma "qualidade" beeeem inconveniente!
    Beijos!

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  2. Concordo plenamente... Comigo isso também acontece! Mas as pessoas nem sempre entendem que a gente não quer papear!
    Isso tudo é sinal de que somos simpáticas, amégas!
    Amo!
    bjos

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